17 de outubro de 2009

(V) ARTIGO: Vitórias napoleônicas

 

napoleao-bonaparte

Quem esteve no bunker das Tropas Polares neste feriado do dia 12 de outubro, pôde ver a vitória em 40K dos Iron Warriors do Lucca, contra um combinado da Guarda Imperial e Ultramarines,  e dos Space Wolves do Gabriel contra os Tirânidos deste que vos escreve.

Descontado o fato de que a vitória dos Iron Warriors do Caos teve uma ajuda de um erro de contabilidade (de uns 500 pontinhos, apenas…), ambos as partidas tiveram algo em comum: foram vitórias napoleônicas, partidas que foram vencidas ainda no deploy, quando as peças foram postas na mesa, e antes que os dados fossem rolados.

“Vitória napoleônica”, como o nome implica, se refere ao famoso baixinho corso (é, ele não era nascido na França continental, mas na Córsega), que venceu mais de uma batalha apenas com o posicionamento inicial de suas tropas no campo de batalha.

Ou seja: ao posicionar suas tropas, Napoleão já decidia a batalha. Tudo o que ocorria depois – incluindo a derrota dos inimigos - era efeito do posicionamento inicial, e da maneira como ele tinha, com ele, dominado o campo de batalha e forçado o inimigo a se por numa posição desvantajosa e/ou perigosa (ex. bem na mira dos canhões).

Só por esta explicação, dá para ver que este fenômeno se aplica perfeitamente ao jogo de Warhammer Fantasy – onde ele é uma grande verdade! – mas deve estar se perguntando onde ele entra no universo de 40K.

Geralmente, não muito: devido a liberdade de movimento das tropas, o posicionamento inicial geralmente não decidirá batalhas (apesar de poder ser um fator de peso na rodada inicial, especialmente se você contar com artilharia pesada). Mas não foi o que aconteceu nesta segunda-feira no bunker das tropas: vistas em perspectiva, ambas as batalhas forma vencidas ainda no posicionar das tropas na mesa, com todo o resto apenas confirmando estas vitórias.

Se não vejamos:

- Lucca baixa seus Iron Warriors na mesa. Imediatamente ele Infiltra um esquadrão completo de Escolhidos, incluindo um Campeão Aspirante, DENTRO da capela que era o (único)objetivo do cenário da partida . Eles não sairão de lá até o final do jogo.

- Gabriel põe na mesa seus Space Wolves. O Rune Priest lança seu cyber-corvo bem no meio da mesa, impedindo que os Tirânidos se Infiltrem na mesa junto aos Wolves… o que força um exército que não tem armas de alcance a atravessar toda a mesa quase sem cobertura. Serão dizimados pelos disparos antes de conseguir lançar seu assalto. Isso contra Space Wolves – que deveriam ser mestres do corpo-a-corpo…

Como se vê, nas duas partidas, o posicionamento de uma única tropa ganha o jogo, tomando o objetivo ou quebrando toda a estratégia de combate do exército inimigo. Puro Napoleão.

*   *   *

Contraponto:

Mas depois de laudear os nobre adversários pela vitória, é preciso também fazer uma crítica: E FOI ISSO LEGAL?

Por legal, não se leia aqui “legítimo” – ambos os jogadores seguiram estritamente as regras, de forma totalmente correta (bem, o Lucca tinha 500 pontos a mais que os adversários, mas isto é outra história…). Legal aqui é sinônimo de “divertido”.

É legal ver um exército tomar o objetivo antes mesmo do jogo começar – e outro matar toda a estratégia sobre a qual funcionava seu adversário?

Notem que poderíamos ter dito “Ok, você ganhou”, e terminar a partida – antes mesmo dela começar. Isso teria sido legal?

Será que às vezes* não devemos abrir mão de uma vantagem inicial – para que a partida corra melhor para todos?

* Notem que não estou falando aqui de campeonatos – lá, é ESPERADO que se use de todas as ferramentas que se tem à mão para vencer. Mas e num jogo amigável? É coisa para se pensar…

3 comentários:

Lugal Ur disse...

Opa Daniel!

Muito bom artigo. Compreendo seu ponto de vista muito bem, quando o jogo deixa de ser divertido para se tornar competitivo. Eu queria fazer uns adendos:

É verdade! Eu calculei mal os pontos! Não acontecerá de novo!

Outra coisa: Aquela unidade de Escolhidos, embora infiltrados, NÃO contam como tomado o Objetivo. Esse só pode ser tomado por Tropas normais. O que eu fiz foi meramente negar o acesso dos Ultramarines ao objetivo. Há taticas mais cruéis, como as famosas "Daemonbombs", que usam os Escolhidos como Infiltradores muito próximos ao adversário e no segundo turno se invoca os demônios, maiores e menores, logo em cima da área do deploy adversário, por exemplo.

Eu acho que essa é uma das grandes diversões das batalhas de 40K. Manobrar suas tropas de forma que o adversário tenha de reagir ao seus movimentos, e não ao contrário. Ser reativo tende à derrota.

MAS teremos mais batalhas para afinar e testar outras táticas!

Pensamento do dia: A esperança é o primeiro passo ao desespero!

Grande Abraço!

Unknown disse...

Muito bom o tópico, levanta uma questão importante que é a seriedade dos jogos. Como a Games sempre coloca nas regras, a diversão vem em primeiro lugar. É claro que o intuito do jogo é buscar a vitória, mas acredito que o melhor é a camaradagem resultante da tarde de jogos.

Unknown disse...

Muito bom o tópico. Levanta uma questão importante dos jogos: até que ponto ganhar é importante. Claro que o objetivo de qualquer jogo é obter a vitória, mas acredito que o mais lucrativo é passar uma boa tarde jogando. Como a Games coloca em suas regras, o fundamental é a diversão. Acredito que o povo aqui de Curitiba está caminhando para isso. Agora com um local de encontro determinado, rumamos para a criação de um grupo forte de fãs de Wargames.